quinta-feira, 29 de novembro de 2012

RUBEM ALVES


BIOGRAFIA




Rubem Alves, educador, teólogo, psicanalista, escritor brasileiro e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Autor de livros e artigos sobre religião, educação, crônicas e estórias infantis.




RUBEM ALVES SOBRE A SUA BIOGRAFIA


“Vocês, crianças que leem as minhas estórias, frequentemente ficam curiosas sobre a minha vida. Eu conto. Eu nasci, faz muito tempo, no dia 15 de setembro de 1933, numa cidade do sul de Minas, Boa Esperança (procurem no mapa). Façam as contas para saber quantos anos tenho agora. Meu pai foi muito rico, perdeu tudo, ficamos pobres, morei numa fazenda velha. Não tinha nem água, nem luz e nem privada dentro de casa. A água, a gente tinha de pegar na mina. A luz era de lamparina a querosene. A privada era uma casinha fora da casa. Casinha do lado de fora. Não precisava de brinquedos. Havia os cavalos, as vacas, as galinhas, os riachinhos, as pescarias. E eu gostava de ficar vendo o monjolo.”




Rubem Alves com 1 ano de idade em Boa Esperança (MG), sua cidade natal.
(Acervo Rubem Alves)




Com 12 anos de idade, mudou-se junto com a sua família para o Rio de Janeiro, onde estudou em uns dos melhores colégios. Mas, no ambiente escolar vivia excluído, pois sofria discriminação por possuir um sotaque mineiro. De modo que vivia sozinho, assim buscou refúgio na religião, iniciando uma vida religiosa e buscando conhecimento no estudo da teologia numa cidade no interior de Minas, onde atuou como pastor e professor.

Em 1959, casou-se e é pai de três filhos: Sergio, Marcos e Raquel que é a inspiradora para a criação do autor de contos infantis. Rubem é avô de cinco netas.


O TEÓLOGO-  Na década de 1960 Rubem Alves morou em Nova York com a família, lá ele recebeu a titulação de Mestre em Teologia pela Union Theological Seminaryl. Ao retornar ao Brasil foi perseguido pelo regime militar depois de ter sido apontado pela Igreja Presbiteriana como subversivo, diante da situação teve que retornar aos Estados Unidos onde se tornou Doutor em filosofia pelo Princeton Theological Seminary.

O EDUCADOR- Novamente retorna ao Brasil e passa a fazer parte do corpo docente da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro (SP). Na década de 1970 ele mudou-se para Campinas como professor-adjunto da Faculdade de Educação e professor-titular de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) na Unicamp- Universidade Estadual de Campinas.
Rubem Alves conquistou posições de destaque na Unicamp:
  • Representou professores titulares da instituição junto ao conselho Universitário.
  • Foi diretor da Assessoria de Relações Internacionais.
  • Diretor da Assessoria Especial para Assuntos de Ensino.

Hoje ele é Professor Emérito da Unicamp, integra a Academia Campinense de Letras e é cidadão honorífico de Campinas.

Nos anos 80, tornou-se psicanalista, através do título conquistado pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Contribuiu escrevendo textos sobre comportamentos e psicologia para grandes jornais e no final desta década foi convidado pela Rockefeller Fundation para  realizar “residência” no Bellagio Study Center, na Itália.

GASTRONOMIA- Logo após a sua aposentadoria, investiu na área da gastronomia, tornando-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, que além de ser um espaço para se reunir com os amigos, era um ambiente cultural que sucedia cursos sobre cinema, literatura e pintura com a participação dos alunos da Faculdade de Música da UNICAMP tocando e cantando lindas canções.


ESCRITOR- Com um grande número de obras publicadas, dentre elas crônicas contos, livros obre educação, teologia e literatura infantil. Seus livros são muito utilizados como fonte de pesquisas no meio acadêmico e para trabalhos escolares. Rubem Alves salienta que o ato de educar deve despertar a paixão dos professores, para que, assim, eles possam aguçar e estimular a curiosidade e interesse dos alunos.




Texto evidenciando as ideias do autor relacionadas ao conceito de ESCOLA, ENSINO e APRENDIZAGEM, baseado no livro:




Rubem Alves no livro “O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender” nos trás importantes contribuições para a nossa prática pedagógica no que diz respeito à Escola, Ensino e Aprendizagem.
O autor toca em vários pontos importantes. Evidenciaremos as principais ideias de sua obra.
A primeira diz respeito à curiosidade, para Rubem Alves a curiosidade é uma “coceira que dá nas ideias”. A criança aprende porque tem curiosidade, fascínio e vontade de conhecer e descobrir o mundo que está ao seu redor, pois as perguntas feitas pela criança demonstra de fato o que ela tem vontade de aprender.
O professor no processo de ensino e aprendizagem precisa estar sensível para não “podar” este desejo próprio da criança de descobrir e conhecer, por ser algo natural não se faz necessária motivação extra para isso.
Já no adulto não vemos este desejo e fascinação pela descoberta, pois o adulto já foi deformado por ideias que precedem o conhecimento de modo compartimentalizado e fragmentado. Por outro lado talvez faltasse no adulto aquilo que o filosofo chamou de “thauma”. Termo que significa: interroga-se buscando explicações para conceitos, valores, etc.
Admiração e espanto significa questionar os conceitos que chegaram prontos, ou seja, já estavam constituídos e impostos antes de chegarmos ao mundo.
De fato a instituição escolar de certa forma acaba por “podar” e inibir a curiosidade da criança à medida que impõe conteúdos e as obrigam a seguir as propostas contidas no currículo da escola.
O aluno poderá ser obrigado pelos pais a ir à escola e seguir todas as propostas, mas dificilmente convenceremos a aprender os conteúdos que não tem vontade de aprender. Neste contexto percebemos que a instituição escolar acaba por forçar a criança a aprender algo que a escola quer ensinar, porém não é aquilo que a criança quer aprender.
Para Rubem Alves é nas perguntas que a inteligência se revela, de modo que a criança tem fascínio por conhecer tudo que está ao seu redor fazendo suas perguntas desconcertantes, mas que revelam intensa vontade de descortinar um mundo novo e desconhecido.
De acordo com Lev Semionovich Vigotski, teórico que trouxe importantes contribuições para a Psicologia do Desenvolvimento, a aprendizagem se dá através da mediação, ou seja, o desenvolvimento ocorre da intervenção de uma pessoa mais apta, neste caso o professor é aquele que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Diante disto percebemos o quanto é importante à participação do professor neste processo, cabe a ele antes de nutrir seus alunos com conteúdos, aguçar a curiosidade das crianças levando-as a ter a sede pelo saber, sobretudo, evitando dar respostas antes que a criança faça suas perguntas.
Rubem Alves também evidencia a importância dos professores falarem sobre seus alunos, pois, são observados nas conversas informais entre professores vários assuntos, porém, não é costume falar sobre os alunos, percebemos que em muitos casos os alunos não são vistos em sua singularidade.
Outro ponto importante é a questão do amor – “Aprendo porque amo”. Quando uma criança admira um professor ela busca aprender o que ele sabe por causa da admiração e do amor que sente pelo Mestre.
Quando um professor fala a seus alunos com entusiasmo e paixão é inevitável que todos não se contagiem com o desejo do saber. Neste contexto que enfoca o ensino e aprendizagem percebemos a importância de recursos usados pelo professor para alcançar os objetivos da aula.  Rubens Alves evidencia a importância do brinquedo e concordamos com que ele que é brincando que se aprende. Brinquedos precisam ser desafiadores, pois fazem aflorar potencialidades que não foram evidenciadas. O brinquedo desafiador exercita a inteligência, estimula o conhecimento e aumenta o interesse em vencer obstáculos.
 O mesmo sinaliza que brinquedos que trazem desafios, são aqueles que determinam etapas a serem conquistadas, trazendo dessa forma conhecimento que o tornarão hábeis, a cada desafio vencido incentivando o interesse por desafios maiores, portando concordamos com ele que, aprender é muito divertido, e cada objeto a ser aprendido é um brinquedo. Brincar é coisa séria que é divertida.
Rubens Alves em seu livro afirma que todo conhecimento científico começa com um desafio, um enigma a ser decifrado. Grandes cientistas fizeram importantes descobertas através de brincadeiras inteligentes. O professor precisa transformar o ensino em brincadeiras desafiadoras, para que o aluno faça exercício da inteligência, praticando suas habilidades. Para tanto precisa buscar preparo adequado, capacitando-se e até mesmo mudando suas características adultas, infantilizando-se, pois é necessário ter feições infantis para ensinar uma criança a brincar.
Rubens Alves adquiriu uma nova visão de ensino e aprendizagem ao conhecer a “Escola da Ponte” de Portugal. Ao começar o passeio pela escola assustou-se pelo fato de estar sendo guiado por uma criança de nove anos de idade. Logo depois desse acontecimento, constatou o fato de que não existiam turmas separadas, e o professor por sua vez não fazia uso de utensílios considerados normais e comuns a cada escola como lousa e giz, provas e testes e livros textos.
Neste momento, surgia uma interrogação com relação ao aprendizado do aluno como um todo e o direcionador dos conhecimentos que serão adquiridos.
O sistema adotado pela “Escola da Ponte” são grupos de estudos monitorados por um professor convidado pelos alunos, adotando temas de interesse comuns a todos. Não existe planejamento curricular, porém é determinado em acordo com o grupo, um programa de trabalho de duas semanas, onde os alunos pesquisam o assunto do tema selecionado. Após o tempo estabelecido para o estudo, é realizado o encontro para evidenciar o que foi aprendido, e o que deixaram de aprender. Os professores são aqueles que abrem o caminho para os alunos.
Rubens Alves observou que as crianças pequenas não aprendem as letras e as sílabas e sim a leitura como um todo e a ordem alfabética por precisar utilizar o dicionário, pois as crianças maiores são pequenos educadores que produzem textos para as crianças menores em sua linguagem para que haja fácil entendimento.
Através da “Escola da Ponte”, Rubens Alves pode perceber que as crianças possuem a livre escolha de aprender fazendo suas próprias descobertas associadas à relação de amizade e parcerias com o professor que abrem portas do saber, e ao mesmo tempo aprendem a aprender com os próprios alunos. A amizade do professor com os alunos é um troféu conquistado.
Ele também sinaliza que o professor que procede adequadamente, nunca sofre de solidão. Rubens Alves considera a escola citada como ideal, pois oferece ao discente a oportunidade de conhecer e estudar o que lhe é de total interesse dando-lhe o direito de ler apenas o que gostar de ler, e ensinando-os a buscar o desconhecido.
Considerando esse novo método de ensino-aprendizagem inovador da “Escola da Ponte”, concluímos que o professor como detentor do saber, possui em suas mãos ferramentas importante que podem transformar os discentes em revolucionários do conhecimento, conduzindo-o a buscar novas descobertas, adquirindo experiências marcantes e compartilhando essas vivências. É dessa forma que se dá o aprendizado coletivo.


ACERVO FOTOGRÁFICO



Casa onde passou parte da infância em Boa Esperança (MG).
 Já passou por várias reformas.


Rubem com os irmãos Ivan e Ismael.


Rubem e Raquel (filha),em Campinas na casa da família,
       é ela  quem o inspira a escrever livros infantis.






VÁRIAS FACES DE RUBEM






                             




















  PRINCIPAIS OBRAS




                                                                                         




















RUBEM ALVES E SUAS REFLEXÕES





" O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: Tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."











O EDUCADOR (Rubem Alves)


"O estudo da gramática não faz poetas.
O estudo da harmonia não faz compositores.
O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas.
O estudo das "ciências da educação" não faz educadores.
Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem.
O que se pode fazer é ajudá-los a nascer.
Para isso eu falo e escrevo:
para que eles tenham coragem de nascer.

Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer
porque não existe coisa mais importante que educar.
Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver:
aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida.
Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente,
o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz
e mais capaz de conviver com os outros".



GALERIA DE VÍDEOS

















GRADUANDOS



 Edilene dos Santos Brito
 Fabiana Santos Lima
 Josinea Santos da Cruz
 Semirames dos Santos Souza
 Tatiana Albuquerque Marinho França
  Vânia Gonçalves Santos



REFERÊNCIAS


ALVES, Rubem. O desejo de ensinar e a arte de aprender. Campinas. Editora Fundação Educar Dpaschoal. 2004
VIGOTSKI, Lev Semionovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

IGLÉSIAS, Maura. O que é Filosofia e para que serve. p. 11 a 17





http://www.youtube.com/watch?v=fLx8yxgg9O4










4 comentários:

  1. Respostas
    1. Muitas fontes edificantes, na Fonte que é Rubem Alves. Erros de português, mas não de comunicação e Conteúdo.

      Seje menas, fLávia. Sou professora de Português e compreendi tudo.

      Parabéns, graduandos, pela trabalho de Pesquisa.

      Muito grata,
      Isabele!

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  2. Preciso muito da ajuda de vocês do blog. Qual a referência do livro onde está o poema "O educador"? Desde já agradeço a atenção de vocês e se possível me passar por e-mail agradeço mais ainda (fredasalvador@gmail.com).

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  3. Rubem Alves um exemplo ,um prazer em assistir seus comentários,suas palestras , simplesmente simples

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