sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BIOGRAFIA DE LINO DE MACEDO

 O doutor Lino de Macedo nasceu em Frutal, Minas Gerais em 12 de Novembro de 1944, filho de Sr. João Magalhães Macedo e de dona Geralda Silva Macedo. Ele é casado com a psicóloga e psicanalista Dra. Elza Mendonça de Macedo, com quem teve três filhos Valéria, Gabriela e Pedro (este prematuramente falecido) (Atos da Academia, 2007 ).
A vida do professor Lino de Macedo esteve desde seu início intensamente vinculado ao ambiente educacional. E mais propriamente ao da escola presidente Getúlio Vargas de propriedade seu pai, que nela lecionava situada ao lado de sua casa. (Atos de Academia, 2007, Souza, 2004).
Professor do departamento de Psicologia da Aprendizagem do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade de São Paulo ( USP ), além de especialista em Piaget. É graduado ( 1996 ) em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto ( 1970 ), doutor ( 1973 ) e livre docente em ( 1983 ) em Psicologia pela universidade de São Paulo. É membro da Academia Paulista de Psicologia e docente aposentado ( a partir de agosto de 2011 ) do Instituto de Psicologia da universidade de São Paulo de onde exercia o cargo de professor titular. É professor e orientador no programa de pós- graduação em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano, neste instituto, tendo orientado 70 teses de doutorado e dissertações de mestrado.
Sua linha de pesquisa é sobre o valor dos jogos na psicologia e educação como recurso de observação e promoção de aprendizagem e desenvolvimento na visão de Piaget.
Atualmente, é coordenador pedagógico do Hospital Infantil Sabará. (Texto informado pelo autor).
Lino de Macedo é reconhecidamente uma autoridade em Psicologia do Desenvolvimento segundo o referencial de Jean Piaget e orientador de projetos voltados para a pesquisa na área educacional, inclusive no ensino de matemática. ( Macedo 2005, Atos da Academia, 2007 ).
ALGUMAS OBRAS DE LINO DE MACEDO:

* Ensaios Pedagógicos. Editora Penso

*Ensaios Construtivistas. Editora Penso

* Os Jogos o e Lúdico na Aprendizagem Editora Penso
Autores: Lino de Macedo,Ana Lucia Sicoli Petty e Cris Norimar

* Psicanálise e Pedagogia. Editora Casa do Psicólogo.
Autores: Lino de Macedo e Bernadete Amendola de Assis

* Aprender com Jogos e Situações- problemas. Editora Penso.
Autores: Lino de Macedo, Ana Lucia Sicoli, Petty, Christie Passos Norimar.

*4 Cores- Senha e Dominó. Editora Casa do Psicólogo.
Autores: Lino de Macedo e Ana Lucia Sicoli Petty.

* 4 Cores, Senha e Dominó Caderno para Atividades. Editora Casa do Psicólogo
Autor: Lino de Macedo

* Jogos, Psicologia e Educação. Editora Casa do Psicólogo
Autor: Lino de Macedo

* Jogo e Projeto. Editora: Summus
Autor: Lino de Macedo

* Cinco Estudos de Educação Moral. Editora: Casa do Psicólogo
Autor: Lino de Macedo

Artigos:
* Para um amor florescer

* Rede do Saber

* O Desafio da Escola para todos

* Currículo do Sistema de Currículos

* Fundamentos para uma educação inclusiva

Livro: Ensaios Construtivistas de Lino de Macedo

EVIDENCIANDO A ESCOLA, O ENSINO E A APRENDIZAGEM SEGUNDO LINO DE MACEDO.
Os textos que permeiam o livro “Ensaios Construtivistas” de Lino de Macedo, conduz uma leitura reflexiva sobre a atuação do professor e outras questões relevantes no processo de ensino-aprendizagem.
O trabalho do pedagogo Lino de Macedo baseia-se no estudo teórico de Jean Piaget (1896-1980) é a referência para condução do seu ensaio que tem como percepção a infância como eixo norteador do trabalho pedagógico.
O autor faz algumas reflexões acerca do construtivismo que propõe que o educando participe ativamente do aprendizado, mediante a experimentação e do contato com o outro no processo de aprendizagem significativa. O construtivismo enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas uma etapa na rota educativa e também procura desenvolver práticas pedagógicas sob medida para cada degrau de amadurecimento doi desenvolvimento da criança. O livro Ensaios Construtivistas elencam temas importantes que visam aspectos na construção educativa tais como: o papel do professor diante o método construtivista, Piaget e algumas questões da psicologia educacional, as estruturas da inteligência, segundo Piaget, o Construtivismo e as prática pedagógica. Nessa perspectiva de trabalho fica evidente a contribuição de Lino de Macedo no processo educativo que envolve todos no âmbito da instituição escolar.

CONCEPÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LINO DE MACEDO

O professor Lino de Macedo é um grande admirador, estudioso e pesquisador das teorias de Jean Piaget tendo o construtivismo como o ideal para o processo do ensino-aprendizagem.
A concepção pedagógica defendida por Piaget é a construtivista, ao qual o educando e os diferentes âmbitos sociais são responsáveis pela construção dos conhecimentos e aprendizagens. Esses conhecimentos são aprendidos naturalmente pela criança através do seu desenvolvimento seguindo estágios que estão ligados a sua maturidade. Nesse processo o educando constrói seus conhecimentos e aprendizagens através da apropriação progressiva e o desenvolvimento das estruturas cognitivas que segue as etapas da assimilação acomodação até chegar a adaptação. Esse processo ensino-aprendizagem baseada no construtivismo, inclui a relação entre o sujeito e o objeto de estudo, ou seja, a criança sofre influências do meio em que se relaciona.
De acordo a Lino de Macedo, para que o educando desenvolva e construa os seus conhecimentos é necessário que o educador seja o mediador desse processo estando sempre problematizando atividades que envolvam o aluno e o objeto levando em conta que a aprendizagem só se concretiza se a criança estiver madura para essa etapa.
Nesse contexto, Lino de Macedo coloca em destaque, a importância do lúdico como jogos e brincadeiras que permite ao educando aprender com elementos que fazem parte da sua realidade despertando o interesse, tornando-o criador, questionador, interrogador incentivando sua curiosidade que possibilitará o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
Dessa forma é valorizada a autonomia e criatividade, pensamento e decisão da criança. A principal didática usada para se alcançar esses objetivos são os projetos interdisciplinares que permite a interligação entre as disciplinas facilitando a aprendizagem do educando.
Na visão de Lino de Macedo, o desenvolvimento ensino-aprendizagem do educando acontece de acordo com os estágios de desenvolvimento da criança, sua maturidade para aprender determinado assunto, sua relação com os ambientes e os objetos que se relaciona sendo que o professor deve saber de cada fase desenvolvimento dos educandos para poder mediar o processo ensino-aprendizagem dos mesmos.
Ele aborda também a importância do construtivismo na prática pedagógica, ou seja, a sala de aula e também o papel do professor. Segundo Lino de Macedo, o professor exerce duas funções sociais na escola. O primeiro seria de transmissor de conhecimento, memória cultural e a aquele que transmite para as crianças aquilo que a sociedade não pode esquecer; e a segunda função é pensar situações interessantes, organiza propostas novas e instigantes. Então, de acordo com ele, o professor pode intervir de forma construtiva no processo de ensino de aprendizagem. Através do construtivismo, o educando apreende com o contato com o meio em que se encontra inserido. A Educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído (‘acervo cultural da Humanidade’). Porém, ele salienta que existem docentes preocupados com a aprendizagem do aluno e que valorizam a informação e conteúdo de forma contextualizada. O perfil do professor construtivista é aquele que deve saber bem a matéria escolar e o conteúdo, não para agir como os professores tradicionais, mas sim, para discutir, questionar e formar crianças pensantes. Ele afirma a importância do “conhecimento científico sobre determinado assunto será sempre nossa referência principal. Mas, não se trata de saber para impor, submeter ou induzir uma resposta na criança. Em uma visão não construtivista a resposta ou mensagem do professor é o que interessa. Em uma visão construtivista, é a pergunta ou situação problema que ele desencadeia nas crianças. (Macedo, 1992).” A disciplina na sala de aula, não pede silencio e a contemplação, mas sim ruído e manuseio, a sala de aula torna-se lugar de reflexão, de questionamento e experimento. Enfim, a sala de aula e o processo de aprendizagem é uma construção, que desenvolvida entre aluno, professor e ambiente.
Para Lino de Macedo, o construtivismo é a única maneira de acabar com a exclusão no sistema educacional brasileiro que ainda é tão evidente, pois a teoria construtivista tem como objetivo uma escola que torne a inclusão uma realidade fazendo com que a tão repetida frase ¨ escola para todos ¨ deixe de ser só falada mas colocada em prática. Lino de Macedo diz que garantir as crianças acesso à escola não é inclusão, mas sim propiciar uma aprendizagem satisfatória. Macedo afirma que muitos fracassos ocorridos na escola são responsabilizados ao construtivismo por ser uma teoria que está em evidência. Então para aqueles que não conhecem, é normal que coloquem a culpa no construtivismo. O que para ele não é uma realidade, pois o mesmo explica que uma das principais razões desse fracasso, é de ordem política e econômica. Lino de Macedo argumenta que em uma visão construtivista da educação seria ¨ Reconhecer que em uma educação para todos, é necessário considerar características psicológicas, sociais e culturais das crianças e dos jovens que, agora, estão na escola e precisam aprender. Reconhecer que é necessária uma boa formação dos professores, agora em número muito maior do que a na antiga e ¨ inesquecível ¨ escola tradicional. Esses professores precisam de uma formação demorada, difícil, artesanal e cara ¨. De acordo com esse contexto, a escola inclusiva é aquela que percebe o educando na sua particularidade levando em consideração as suas experiências e convivências adquiridas durante o seu desenvolvimento nos diferentes âmbitos sociais. Macedo esclarece que a principal dificuldade do professor no ensino-aprendizagem é querer ensinar mas não saber como fazer. Isso acontece porque o professor precisa elaborar atividades sabendo que os educandos aprendem e se desenvolvem com base em recursos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, ou seja, na teoria construtivista meio e os fatores hereditários influenciam no processo ensino- aprendizagem. Essas características referem-se ao construtivismo de Piaget ao qual o desenvolvimento dos recursos cognitivos e sociais são fundamentais para o desenvolvimento dos educandos porque eles irão adquirir conceitos e métodos científicos . De acordo com esse contexto , a escola inclusiva é aquela que respeita a origem e necessidade de cada educando, procurando interagir com o mesmo proporcionando um desenvolvimento ensino-aprendizagem adequado que para Lino de Macedo se divide em três níveis: o aluno aprende noções e conceitos,atitudes e procedimentos. A escola inclusiva é aquela que está preparada e têm educadores preparados para receber educandos com diferentes formações sendo capaz de integrá-lo no âmbito escolar e inseri-lo na sociedade. A escola não deve se limitar a oferecer conteúdos, mas principalmente desenvolver habilidades e competências para que o educando tenha uma aprendizagem eficiente tornando-o um adulto apto a enfrentar os obstáculos que lhes serão impostos, pois é na escola que acontece as transformações sociais. Incluindo nessas transformações sócias estão a necessidade de aprender regras necessárias para a disciplina na sala de aula. A disciplina na sala de aula é essencial para Lino de Macedo, pois ¨ é algo que precisa ser ensinado e varia de acordo com a atividade ¨. È na escola que a criança aprende a ser disciplinada, a seguir regras que servirão para se relacionar na sociedade. Uma boa forma de construir regras é construí-las na sala de aula de acordo com as atividades desenvolvidas, pois cada atividade exige regras diferentes. Dessa forma as regras que serão criadas na sala de aula serão colocadas em prática nos diferentes âmbitos sociais. Lino de Macedo demonstra que as crianças tem capacidades para entender o que são regras quando cita o um livro importante de Piaget, O Julgamento da Criança que comprova que as crianças compreendem o que são regras e disciplinas demonstrando essa capacidade quando participa de brincadeiras seguindo as regras das mesmas. Quanto a avaliação, a melhor forma seria orientar ao qual a teoria construtivista estaria em destaque pois o professor seria o mediador entre o aluno e o conhecimento. O professor pode observar o desenvolvimento do educando nas duas fases: antes e depois do conhecimento. Para Lino de Macedo a avaliação continua sendo importante porque permite ao professor conhecer o desenvolvimento do educando para que possa se planejar adequando o currículo para que alcance seus objetivos sabendo que deve ser considerados os conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidas pelos educandos, dando ênfase a perspectiva estrutural que é universal visando todos e a perspectiva funcional que é singular é o desenvolvimento ensino- aprendizagem de cada um. Lino destaca a necessidade de considerar os dois aspectos para sendo que se complementam e estão ligados para que ocorra o processo ensino-aprendizagem e na prática avaliativa com uma avaliação construtivista.


Componentes:


Gisele Santos Silva
Jaciara dos Santos Lima
Jidelma Vinagre
Marta Conceição Santos
Vânia Lins dos Santos Castro
Ricardo de Oliveira Correia

 
Referências:
* https: // uspdigital.usp.br/tycho/Currículo LattesMostrar?coadpub=97AOAD095D79
12/11/2012 23:45
* http: //www.educacaoetecnologia.org.br/?p=4225
* redalyc.uaemex.mx/pdf/946/94628207.pdf 12/11/2012 20:40


* revistaescola.abril.com.br/.../disciplinas-comteudos-com-qualquer-outro
20/11/12 24h30min
* www.scielo.br/scielo.php?pid= S1413-85572004000200013 sci
20/11/12 24h50min




 Biografia  

 Gabriel Chalita                   

Nasceu em 30 de Abril de 1969, em Cachoeira Paulista na cidade São Paulo, aos 12 anos se descobriu como escritor e aos 15 escreveu umas coleções destinadas a crianças em idade de catequese.
 Possui 54 obras tituladas, desde livros didáticos até livros que tratam da ética e a filosofia. É doutor em filosofia do direito e em comunicação e semiótica, mestre em direito e em ciências sociais. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Cachoeira Paulista e atuou em diversas ONGs.
 Atualmente, é professor do programa de graduação e pós graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie também é palestrante nas  áreas de filosofia,ética,relações pessoais e educação.É membro da  Academia Brasileira de Educação e  da Academia Brasileira de Letras.
Além disso, apresenta  o programa de rádio e TV “Papo Aberto” ,por fim exerce o seu mandato como deputado federal.

Algumas de suas obras:

                                   


            

     


    

    


                                        



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lIVRO EDUCAÇÃO:
A SOLUÇÃO ESTÁ NO AFETO

O autor propõe uma educação revolucionária voltada para o afeto para quebrar o paradigma da indiferença permeada pela relação educador-educando. Propondo que a compreensão é importante na formação de cidadãos capazes de intervir com reflexões e ações no meio o qual estão inseridos, e assim colaborar para a construção de uma sociedade que saiba lutar por justiça e  pela democracia.

O autor aponta a família como uma entidade ameaçada já que ela é que é o órgão inicial da  nossa educação  onde a criança e o jovem que não são norteados por valores, pela ética, que não têm a formação de caráter no seio familiar certamente terão dificuldade em compreender o sentido do respeito e do afeto dispensados aos outros.


Os pais perderam os princípios da formação intelectual e emocional de seus filhos.Em busca de melhores recursos para sustentar a família os pais deixam os filhos com pessoas que as vezes não são preparadas e para ressarcir essa falta enchem os filhos de presentes que muitas vezes são desnecessários, estimulando o consumismo ou as vezes estimulam os filhos em processos de competição apresentando um modelo padrão a ser seguido:ser forte, ser respeitado significa ser o melhor em tudo. Enquanto o interessante é mostrar o ser humano em sua essência, eu devo respeitar o meu semelhante e a mim mesmo como alguém cheio de potencialidades ,mais com várias limitações, devo aprender a conviver com as diferenças: externas e internas.Não é porque alguém conseguiu ser melhor que eu,em determinada situação que sou um fracassado, ou ao contrário.Devo aprender a vibrar com a vitória do outro.



A ausência dos pais na formação dos filhos causa a culpa que é amenizada com o famoso "sim”. A falta de limite de orientação de um "não" firme vai colaborar na formação de um adolescente transgressor que em sua inconsequência será capaz de agredir o fraco, atear fogo em um mendigo, espancar uma mulher e dar uma justificativa medíocre, que pensava se tratar de uma prostituta.O limite é um ato de amor e respeito.Os pais que orientam colocam regras conseguem formar seres humanos.Ao contrário de outros que estão formandos verdadeiros monstros.


Precisamos de uma escola que prepara o educando para assumir o seu papel de cidadão livre da escravidão e alienação, capaz de criar e recriar sem necessidade de robotizar-se,capaz de superar as dificuldades,apto à mudanças e diferenças sem se sentir ameaçado.

O professor nesse processo é a essência, nele está inserida a esperança de uma educação fundamentada no amor e no respeito no relacionamento do educador-educando, o sentimento do amor ou ódio,apatia ou empatia, terá grande influência no processo ensino- aprendizagem. 

O professor deve promover a busca pela autonomia,respeitar a opinião do educando e reconhecer suas potencialidades.Saber que não existe um ser vazio o educando traz consigo conhecimentos, ele tem sua história e faz parte da história dos outros. Reconhecer que o processo de ensino-aprendizagem vai além dos muros da escola. O professor não é o detentor do conhecimento, portanto não pode ser o transmissor deve intermediar, fazer intervenções mostrando o caminho.Ora caminhando junto, ora permitindo que o aluno caminhe só, mais com a segurança de quem tem o mestre bem próximo,no caso de precisar é só estender a mão.

O educador deve ter prazer, paixão, deve vibrar com as conquistas do educando. Jesus foi o melhor modelo de mestre, todos queriam aprender com ele: olhos arregalados, ouvidos atentos, Jesus fascinava,encantavam cativava. Teve autoridade sem ser autoritário. Conquistava a multidão que permanecia com ele, olhava nos olhos, chamava pelo nome, conhecia as fraquezas e respeitava a história de vida de cada um. Ninguém era obrigado a seguir Jesus, o seguiam por que ele os encantava, amava e permitia ser amado.


Ser um professor empenhado com a educação basead
a no afeto com certeza a ferramenta essencial para a formação desse profissional tão importante desde os primórdios da nossa sociedade.



Os tipos de professor segundo Gabriel Chalita


PROFESSOR ARROGANTE

Ele se acha o detentor do conhecimento. Fala de si o tempo todo e coloca os alunos em um patamar de inferioridade. Ao menor questionamento, pergunta quantas faculdades já fez o aluno, se já escreveu algum livro, se já defendeu teses, para se mostrar superior. Gosta de parecer um mito; teima em propalar, às vezes inventando, os elogios que recebe em todos os congressos dos quais participa; conta histórias a respeito de si mesmo para mostrar quanto é competente e querido. Não gosta de ser interrompido, não presta atenção quando algum aluno quer lhe contar um feito seu. Só ele interessa; só ele se basta.


PROFESSOR INSEGURO
 

Tem medo dos alunos; teme ser rejeitado, não conseguir dar aula, não ser ouvido porque acha que sua voz não é tão boa. Não sabe como passar a matéria apesar de ter preparado tudo; acha que talvez fosse melhor usar outro método; teme que os   com eles, receia também a direção da escola, os outros professores e se vê paralisado, com seu potencial de educador inutilizado. 


PROFESSOR LAMURIANTE 

O professor lamuriante reclama de tudo o tempo todo. Reclama da situação atual do país, da escola, da falta de participação dos alunos, da falta de material para dar um bom curso, do currículo, das poucas aulas que tem para ministrar sua matéria. Passa sempre a impressão de que está arrasado e não encontrar prazer no que faz. Às vezes se aproveita da condição de professor e usa a turma para fazer terapia. Fala do filho, da filha, da empregada, da cozinheira, da ingratidão de amigos etc. Mais uma vez, se trata do abuso da platéia cativa.

 
PROFESSOR DITADOR

É aquele que não respeita a autonomia do aluno. Trabalha como se fosse um comandante em batalha; exige disciplina a todo o custo. Grita e ameaça. Não quer um pio, zela pela sala como se fosse um presídio; ninguém pode entrar atrasado nem sair mais cedo; ninguém pode ir ao banheiro, é preciso disciplinar também as necessidades fisiológicas. Dia de prova parece também dia de glória: investiga aluno por aluno, proíbe empréstimo de material, ameaça quem olhar para o lado. Tem acessos de inspetoria higiênica, investiga as unhas das mãos e os cabelos. Grita exigindo silêncio quando o silêncio já reinava desolado na sala.

  
PROFESSOR BONZINHO
 

Diferentemente do ditador, o bonzinho tenta forçar amizade com o aluno. Gosta de dizer quanto gosta dos alunos. Traz presentes, dá notas altas indiscriminadamente. Seus alunos decidem se querem a prova com ou sem consulta, em grupo ou individualmente, depois propala sua generosidade. Às vezes ainda tem a audácia de se comparar aos colegas, afirmando que os outros professores não fariam isso. Durante a prova responde as questões para os alunos, para que não fiquem tristes, para que não tirem nota baixa. Concede outra chance e dá outra prova para quem foi mal, idêntica à anterior só para tirar uma nota bem boa. Pede desculpa quando a matéria é muito difícil e só falta pedir desculpa por ter nascido.

 
PROFESSOR DESORGANIZADO
 

Esse aparece em aula sem a menor ideia do que vai tratar. Não lê, não prepara as aulas, não sabe a matéria e se transforma em um tremendo enrolador. Sua desorganização é aparente: como não faz planejamento, não sabe o tipo de tarefa que vai propor, então inventa na hora e na aula seguinte não se lembra de cobrar os alunos nem comenta sobre o que havia pedido. Como não sabe o que vai ministrar, põe-se a conversar com os alunos e a discutir banalidades. De repente, para dinamizar a aula, resolve promover um debate: o grupo A defende a pena de morte, o grupo B será contrário à pena de morte, sem nenhum preparo anterior, nenhum subsídio contra ou a favor. 
PROFESSOR OBA-OBA Tudo é festa! Esse tipo adora as dinâmicas em sala. Projeta muitos filmes, leva algumas reportagens; faz com que os alunos saiam da sala para observar algum fenômeno na rua ou no céu, fala em quebra de paradigmas, tudo conforme pregam os chamados consultores de empresas, mas sem amarração, sem objetividade.

 
PROFESSOR LIVRESCO 

Ao contrário do oba-oba, o professor livresco tem uma vasta cultura. Possui um profundo conhecimento da matéria, mas não consegue relacioná-la com a vida. Ele entende de livros, não do cotidiano. Além disso, não utiliza dinâmica alguma, não muda a tonalidade da voz, permanece o tempo todo em apenas um dos cantos da sala e suas ações são absolutamente previsíveis. Todos sabem de antemão como vai começar e como vai terminar a aula; quanto tempo será dedicado para a exposição da matéria, quanto tempo para eventuais questionamentos. Não importa se o aluno está acompanhando ou não seu raciocínio, ele quer dizer tudo o que preparou para ser dito. 


PROFESSOR "TÔ FORA" 

Ele não se compromete com a comunidade acadêmica. Não quer saber de reunião, de preparação de projetos comuns, de vida comunitária. Nem festa junina, nem gincana cultural ou esportiva, nem festa de final de ano. Ele dá sua aula e vai embora. Muitas vezes é até bom professor, mas não evolui sua relação social nem o conteúdo interdisciplinar porque não está presente. Alguns são arrogantes a ponto de achar que não têm o que aprender, que estão acima dos outros professores e portanto não vão ficar discutindo bobagens. 


PROFESSOR DEZ QUESTÕES 

Para sua própria segurança, o professor "dez questões" reduz tudo o que ministrou num só bimestre a um determinado número de questões: dez, nove, 15, não importa. Ele geralmente passa toda a matéria no quadro-negro ou em forma de ditado. Quando há livro, pede que os alunos leiam o que está ali e façam resumo ou respondam às questões. Corrige, se necessário, questão por questão. Geralmente as questões não são relacionais, não são críticas. No campo das ciências exatas, o aluno deve decorar as fórmulas para a solução dos problemas. E no fim do bimestre o professor apresenta algumas questões que os alunos devem decorar para a prova. Em sua "generosidade" avisa que dessas dez questões vai usar apenas cinco na prova. Ou alunos decoram ou, se forem mais astutos, colam; acabada a prova, joga-se fora a cola ou joga-se fora da memória aquilo que foi decorado. No outro bimestre, como o ponto é outro, haverá outras dez questões para ser decoradas e assim sucessivamente: a aprendizagem não significou nada a não ser algumas técnicas de memorização e de burla.

 
PROFESSOR TIOZINHO 

"Tiozinho", no sentido depreciativo, é aquele professor que gasta aulas e mais aulas dando conselhos aos alunos. Trata-os como se fossem seus sobrinhos, quer saber tudo sobre a vida deles, o que fazem depois da escola, aonde vão, os lugares que freqüentam e emite opiniões em assuntos de cunho privado que absolutamente não competem a ele. O professor tiozinho de sente um pouco psicólogo também, e maus psicólogo, é claro. Começa desde logo a diagnosticar os problemas dos alunos e se acha qualificado para isso.

 
PROFESSOR EDUCADOR 

O professor que se busca construir é aquele que consiga de verdade ser um educador, que conheça o universo do educando, que tenha bom senso, que permita e proporcione o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. Que tenha entusiasmo, paixão; que vibre com as conquistas de cada um de seus alunos, não descrimine ninguém, não se mostre mais próximo de alguns, deixando os outros à deriva. Que seja politicamente participativo, que suas opiniões possam ter sentido para os alunos, sabendo sempre que ele é um líder que tem nas mãos a responsabilidade de conduzir um processo de crescimento humano, de formação de cidadãos, de fomento de novos líderes. 


Frases e reflexões do autor

“... Quem gosta de viver não tem preguiça de reinventar, nem medo de ousar. Quem gosta de viver não tem medo de ternura, da gentileza, do amor. Quem gosta de viver, educa!...”

Gabriel Chalita

" Em todas as circunstâncias da vida o equilíbrio, a serenidade fazem muito bem!"


Gabriel Chalita





Galeria de vídeo










Componentes:

Ana Paula Gentil
Elisângela de Jesus Silva Santos
Erica Rodrigues Pinto
Janice de Araújo Gonçalves
Marilene Gama Leal da Fonseca
Priscila Santos Moreira
Tatiane Silva Gomes  

Referencias:

Chalita, Gabriel, Educação:A solução está no afeto/São Paulo:Editora Gente, 2001 1ªed.


http://blog.cancaonova.com/gabrielchalita/biografia/


https://www.youtube.com/watch?v=dEql5QuiY3Y


https://www.youtube.com/watch?v=_D3cjqzMmCE



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

VIGOTSKI E O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO PROCESSO HISTÓRICO E SOCIAL

Vigotski

No interior da Rússia pós-revolucionária, nos anos 20, um professor de ginásio, buscando respostas para questões da Psicologia, acabou por elaborar uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. O nome dele era Lev Vigotski e sua obra é hoje a base do sociointeracionismo, uma tendência cada vez mais adotada na pedagogia contemporânea.
Convidamos vocês a conhecer mais sobre esse teórico russo.

3 X 4 - VIGOTSKI

Para saber como um pensador inovou em seu campo de atuação é importante conhecer o cenário social e histórico do mundo, de seu país e sua trajetória de vida.
Lev Semenovitch Vigotski nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade da Bielo-Rússia.
Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a ele uma boa formação.
Apesar das evidências de sua grande capacidade intelectual, Vigotski, por ser judeu, teve enormes dificuldades de ingressar na Universidade. Nessa época, na Rússia, os judeus sofriam as mais diversas formas de discriminação, tinham que viver em territórios restritos e eram impedidos de exercer todas as profissões. (REGO apud LIMA, 2010).
Mesmo assim, aos 18 anos, matriculou-se no curso de Medicina em Moscou, mas acabou cursando a faculdade de Direito.
Sua vida acadêmica foi marcada pela interdisciplinaridade, uma vez que percorreu caminhos que levavam a vários assuntos tais como: artes, literatura, antropologia, cultura e psicologia.
Formado, voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia, área em que se destacou, graças ao seu pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos.
Casou-se aos 28 anos com Roza Smekhova, com quem teve duas filhas.
Ainda muito jovem, é acometido de tuberculose, doença com a qual conviveu durante 14 anos e de que vem a falecer em 11 de junho de 1934, portanto, com 38 anos incompletos. 
Em seu curto período de vida trabalhou intensamente, deixando as bases de uma nova teoria para o estudo psicológico do homem, hoje conhecida como Psicologia Histórico-Cultural (ou, como alguns preferem, Sócio-Histórica).
O interesse dele pela Psicologia se consolidou quando teve contato com crianças que apresentavam defeitos congênitos, como, por exemplo, cegueira. O cientista, a partir daí, passou a buscar alternativas com as quais pudesse ajudar o desenvolvimento dessas crianças.
Foi um dos fundadores do Instituto de Estudos das Deficiências, em Moscou. Lecionou e escreveu extensamente sobre problemas da educação. Utilizava o termo Pedologia (do Gr. pais, paidós, criança + lógos, tratado) ou Psicologia Educacional.
A partir de 1932, suas obras foram criticadas na Rússia por não abordarem a luta de classes.
Após sua morte, o Comitê Central do Partido Comunista proibiu os testes psicológicos na União Soviética e a publicação dos textos de Vigotski e das revistas de Psicologia, situação que se prolongou durante 20 anos.
Findava, assim, um período de experimentação e efervescência intelectual.
Só em 1956, o livro “Pensamento e Linguagem”, de Vigotski, foi reeditado e divulgado no Ocidente.
Hoje, sua teoria influencia a psicologia da educação em todo o mundo.

Para saber mais:





VIGOTSKI E O MARXISMO

A Psicologia Sócio-Histórica de Vigotski se desenvolveu em plena Revolução Russa de 1917.
Era uma sociedade que vivia uma grave crise econômica gerada pela I Guerra Mundial, com um regime absolutista e o poder centralizado no Czar Nicolau II que mantinha a divisão em camadas rígidas, sem mobilidade social. (GARCIA, 2004)
É esse cenário de recessão que abre caminho para as ideias do socialismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels na então criada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, liderada por Lênin até 1922, e posteriormente por Josef Stalin, o qual instaurou uma ditadura que restringiu as liberdades individuais.
O período a partir de 1917 foi marcado por um clima de efervescência intelectual, com a abertura para as vanguardas artísticas e para o pensamento inovador nas ciências, além de uma preocupação em promover políticas educacionais eficazes. Esta última era uma das preocupações de Vigotski: "Ele queria acelerar, pela educação, o desenvolvimento da Rússia, então atrasada e iletrada!", observa DAVIS (2008).
Nessas circunstâncias, é fácil entender que Vigotski foi profundamente influenciado pelos ideais marxistas, adotando como filosofia, teoria e método o materialismo histórico e dialético.
Ele integrava um grupo de pesquisadores soviéticos que concordava com os objetivos do novo regime e esperava encontrar uma forma de criar “um novo homem soviético”,  relacionando seu desenvolvimento à sociedade. Essa busca por uma psicologia marxista foi baseada no materialismo histórico e dialético, estudando o homem social e os fenômenos psicológicos.
No materialismo histórico, a consciência e o comportamento do sujeito resultam das suas condições históricas e das suas relações sociais, ou seja, alteram com o passar do tempo e de acordo com o contexto social e cultural em que está inserido.
É daí que Vigotski parte para propor sua Psicologia Histórico-Cultural, indo na contramão das teorias vigentes da época.
Ele também se baseou em Engels e suas ideias sobre trabalho e o uso de instrumentos, isto é, como o homem transforma a natureza e a ele mesmo.
Com a ascensão de Stalin, em 1924, o ambiente cultural ficou cada vez mais limitado e Vigotski foi fortemente criticado e, depois, censurado. Essa situação fez com que suas obras chegassem, vinte anos depois, aos Estados Unidos, retalhadas, principalmente em relação às influências de Lênin, Marx e Engels, colaborando para distorções de suas concepções.
Pode-se ver claramente essa fragmentação dos textos vigotskianos na introdução do livro “A Formação Social da Mente”, conforme abaixo:

“O leitor não deve esperar encontrar uma tradução literal de Vigotski, mas, sim, uma tradução editada da qual omitimos as matérias aparentemente redundantes e à qual acrescentamos materiais que nos parecem importantes no sentido de tornar mais claras as ideias de Vigotski. (...) Temos, ainda, perfeita noção de que ao mexer nos originais poderíamos estar distorcendo a história; entretanto, acreditamos também que, deixando claro nosso procedimento e atendo-nos o máximo possível aos princípios e conteúdos dos trabalhos, não distorcemos os conceitos originalmente expressos por Vigotski". (VIGOTSKI, 2007: XIV)

Essa leitura distorcida da obra de Vigotski ainda impera, seja por convicções políticas e ideológicas, seja pela dificuldade de ter acesso à teoria original. Um exemplo é que muitas escolas se dizem sociointeracionistas, mas objetivam apenas a adaptação da criança àquela realidade.

 
Vigotski e a filha

ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL E CONCEITOS

"Na ausência do outro, o homem não se constrói homem".
(VIGOTSKI apud SILVA, ALMEIDA & FERREIRA, 2011)

Como o aluno aprende mais? Sozinho ou interagindo com os colegas?
Em 1924, quando proferiu uma palestra intitulada “Consciência como um Objeto da Psicologia do Comportamento”, Vigotski causou impacto nas teorias behavioristas da época.
Ele buscava uma descrição e uma explicação das funções psicológicas superiores (pensamento, atenção, memória), contrapondo-se à teoria baseada no estímulo-resposta. Rejeitava as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já nasce com as características que se desenvolvem conforme a maturação; e as empiristas e comportamentais, em que o ser humano é um produto dos estímulos externos. Para Vigotski, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor - ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Ocorre a “experiência pessoalmente significativa" que nada mais é do que a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente
Segundo Vigotski, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. As funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais, só se formam e se desenvolvem pela relação com o outro, pelo contato com a cultura, com o meio, pelo aprendizado. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade", diz REGO (2002). Logo, a cognição e a cultura são compreendidas como elementos inseparáveis de um processo. Daí, uma das inovações de Vigotski: a cultura e as experiências de vida como elementos fundamentais no desenvolvimento psicológico do homem.
Essa evolução das funções psicológicas elementares para as superiores acontece pela elaboração das informações recebidas do meio, que são internalizadas e incorporadas pelo sujeito. Entretanto, essas informações são, segundo DAVIS (2008), “sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a criança, carregando significados sociais e históricos".
Chegamos, então, a outro conceito de Vigotski: a mediação. Ou seja, a criança para aprender necessita da intervenção e da orientação de um individuo mais experiente. O outro é signo, mediador de condutas, gestos, sentimentos e pensamentos.

Essa mediação é feita por meio de instrumentos técnicos – como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza – e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.
Por isso a linguagem é muito importante para a abordagem histórico-cultural, por ser um instrumento para a interação entre os seres humanos, ser um produto da relação com o contexto, ou seja, a linguagem é, antes de tudo, social.  Portanto, sua função inicial é a socialização.
Para chegar às relações entre pensamento e linguagem, Vigotski dedicou anos de estudo. Até então, buscava-se estudar os dois conceitos isoladamente.
Na teoria histórico-cultural, reconhece-se a utilização da linguagem como modificação da capacidade de compreender o mundo e  de se apropriar da cultura.

“...a capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo-as dos animais. (VIGOTSKI, 2003 p. 38).

É por meio das palavras que o ser humano pensa e é baseado nisso que melhor compreende e organiza o mundo à sua volta.
Para a teoria vigotskiana, a aquisição da linguagem passa por três fases: a  linguagem social, que seria a primeira forma de se expressar. Depois, a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.
A progressão da fala social para a fala interna representa a transição da função comunicativa para a função intelectual. Nesta transição, surge a egocêntrica, que é o “falar sozinho” e que ajuda a organizar e planejar as ações. A criança fala consigo mesma para resolver um problema que os adultos resolveriam no raciocínio.
A diminuição da linguagem egocêntrica é sinal de que a criança está adquirindo capacidade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí entra a  fase do discurso  interior.  É a fase da estruturação da consciência e da concretização do pensamento.
Ainda sobre o processo de ensino-aprendizagem, Vigotski identificou dois níveis de desenvolvimento: um que se refere às conquistas já efetivadas, que denominou de desenvolvimento real e o outro, desenvolvimento potencial, que se refere às capacidades a serem construídas.
A partir desses níveis real e potencial, o teórico apresenta a Zona de Desenvolvimento Proximal ou ZDP, que é a distância entre o que a criança é capaz de fazer de forma autônoma e o que ela realiza com ajuda do outro mais experiente. É aí que ocorre a aprendizagem.
Ele, mais uma vez inova, ao propor que é preciso se atentar não só para o que a criança realiza sozinha, mas para o que ela realiza com o acompanhamento. Conforme o próprio teórico, "a zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã" (VIGOTSKI, 2007).  Ou seja, o que a criança hoje faz com ajuda, amanhã fará sozinha.


Atuando na ZDP, o professor tem a possibilidade de potencializar os modos mais adequados ao desenvolvimento real do indivíduo e ao seu contexto sociocultural.
O mais interessante é que ele já defendia, naquela época, o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com aquelas que ainda precisam de apoio para aprender. Defendia que essa troca possibilitaria o aprendizado.
Também se pode concretizar o conceito de ZDP com experiências de aprendizagens colaborativas entre os próprios alunos com habilidades diversas, entre eles e seus familiares e professores.
Vigotski, com seus conceitos sobre o aprendizado, ressalta a importância da escola na formação do conhecimento. Segundo ele, na escola, os conteúdos devem ser trabalhados a partir do que o educando já conhece/sabe fazer só, buscando promover desafios a serem superados com a mediação do próprio educador. Assim, a provocação dá impulso para sair do desenvolvimento potencial para o real. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", conforme  (REGO, 2002)
Aprender um conteúdo não leva apenas a adquirir determinada habilidade ou competência, mas a ampliar as estruturas cognitivas da criança. Exemplificando, o aluno que sabe escrever, desenvolve capacidade de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Além disso, esses conceitos de como a criança aprende trazem à discussão a questão da avaliação. Deve-se, sob a abordagem de Vigotski, olhar para frente, avaliar prospectivamente e não retrospectivamente, enfatizando o que o aluno poderá aprender e não o que já aprendeu.

Outra atividade importante para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores que Vigotski abordou foi o brincar. Leontiev, colaborador de Vigotski, aponta que o brinquedo surge da:

“necessidade da criança em agir em relação não apenas ao mundo dos objetos diretamente acessíveis a ela, mas também em relação ao mundo mais amplo dos adultos” (1988, p.125).

No brincar, a criança vai do mundo real ao imaginário, representando a realidade, separando o objeto de seu significado, ou seja, aprendem e, consequentemente, “crescem”.
É importante salientar ainda que a brincadeira, por conter regras, permite à criança controlar a própria conduta, utilizar as funções psicológicas superiores, como a memória e a atenção, para relembrar fatos vivenciados, além da imaginação.

“... brinquedo, cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando seus desejos a um "eu" fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade." ( VIGOTSKI, 2003 p.131).

Entretanto, ao se utilizar do lúdico na educação, devem-se ter objetivos claros, conhecer bem o grupo em geral e os alunos individualmente, ou saber em qual estagio de desenvolvimento se encontram, além de conhecer o contexto social e cultural em que estão inseridos.


ENSINO-APRENDIZAGEM HOJE E A TEORIA VIGOTSKIANA

Com a Psicologia Histórico-Cultural, redimensiona-se o papel do educador, reestrutura-se a relação entre aprendizagem e desenvolvimento. Sabe-se que a criança aprende desde que nasce e é capaz de se relacionar com os outros, com os objetos e consigo mesma.
Diante de todos esses conceitos de Vigotski, a educação contemporânea, mais especificamente a brasileira, encontra-se ainda muito aquém das inovações desse teórico.
Esse cientista possibilita discutir a diversidade, a aprendizagem, a interação, o lúdico, as dificuldades de aprendizagem e muitos outros temas em voga hoje.
Segundo esta abordagem, a aprendizagem vem antes do desenvolvimento e se consolida através da troca de experiências.
Sabe-se que cada estudante tem seu ritmo, sua história, suas habilidades, o que torna a escola o espaço ideal para essa interação e aprendizado, tão defendidos por Vigotski, como a assistência do mais experiente ao aluno mais novo. Nesse ponto, as diferenças são muito mais importantes para o aprendizado que as semelhanças.
Em um ambiente sociointeracionista, o professor não é o detentor absoluto do saber, aquele que vai transmitir o conhecimento, mas que, como um mediador, utiliza-se do conceito de ZDP para traçar estratégias e estimular a troca entre os estudantes, possibilitando o processo de ensino-aprendizagem e o, consequente, desenvolvimento. É preciso também desafiar as crianças/adolescentes, trabalhando a partir do conhecimento prévio deles e buscando criar o ambiente propício de desenvolvimento proximal.
Logo, escolher o que será proposto aos alunos é fundamental, considerando o contexto social onde seus alunos se inserem. Para isso, no entanto, o aluno deve ser considerado como alguém que é capaz de aprender, respeitando suas individualidades. Esse  é um dos muitos desafios a ser vencido na escola.
Ao coordenar o processo de ensino-aprendizagem, o educador pode compartilhar com o aluno os objetivos e a divisão das tarefas propostas, e, assim, provocar a iniciativa e a autonomia do aluno no processo. Esse trabalho colaborativo possibilita o desenvolvimento do educando cada vez mais e a internalização de aptidões, habilidades e capacidades humanas também cada vez mais elaboradas em sua consciência.
Essa interação permite o aprendizado dos educadores, que como sujeitos sociais e históricos, possuem suas visões de mundo, valores, sentimentos, resultados de um conjunto de experiências. Ou seja, não estão imunes nessa relação que é dialética.
Assim, na interação com os outros professores, alunos, família, sociedade, o docente constrói o seu ser/fazer/saber docente, forma e é formado dialeticamente em suas relações. Enfim, ele age sobre o espaço social e também é transformado nessa ação. Levam para a sala de aula um repertório cultural que interfere na sua prática pedagógica, em especial na proposição de atividades.
Entretanto, a escola vive uma realidade muito distante desse ambiente colaborativo de ensino-aprendizagem.
Há, na maioria delas, uma divisão, em que o professor “transmite conhecimento” e o aluno “aprende”, sempre planejado pelo outro. Sem atentar para a importância dessa troca no processo de aprendizagem, o docente não busca os motivos e interesses dos estudantes que garantam o desafio e a construção do conhecimento. Sem falar nos conteúdos escolares descontextualizados.
Portanto, é importante salientar que a escola deve desenvolver o papel de mediação, em que proporcione situações de atividades desafiadoras, estimulando a construção do conhecimento, o desenvolvimento da autonomia e da criticidade.
Viu por que Vigotski influencia o pensamento no Ocidente, mesmo depois de mais de 70 anos após a sua morte?

Quer saber mais?


Vigotski ensinando e aprendendo

 As principais obras de Vigotski, traduzidas para o português:

·         Construção do Pensamento e da Linguagem. SP, Martins Fontes, 2011.
·         Desenvolvimento Psicológico na Infância. SP, Martins, 1999.
·         Estudos sobre a História do Comportamento. Porto Alegre, ARTMED, 1997.
·         Formação Social da Mente. SP, Martins Fontes, 1999.
·         Imaginação e Criação na Infância. SP, ATICA, 2009.
·         Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. (Vários autores). SP, Ícone/EDUSP, 1988
·         Pensamento e Linguagem. SP, Martins Editora, 2008.
·         Psicologia da Arte. SP, Martins Fontes, 2001
·         Psicologia Pedagógica. Porto Alegre, ARTMED, 2003.
·         Teoria e Método em Psicologia. SP, Martins Fontes, 2004.

Referências

Coleção Grandes Pensadores. Revista Nova Escola. São Paulo: Abril. Vol.2  p. 92-94, 2008.

DUARTE, Newton. Escola de Vigotski e a Educação Escolar: Algumas Hipóteses. Psicologia USP. v. 7, n 1/2, p. 17-50, 1996. Disponível em < http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/psicousp/v7n1-2/a02v7n12.pdf> Acesso em 10/11/2012.

GARCIA, Sandra Regina Rezende. Um estudo do termo mediação na Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural de Feuerstein à luz da Abordagem Sócio-Histórica de Vygotsky: um estudo teórico. São Paulo: Universidade São Marcos. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Dissertação de Mestrado, 2004.210p.

LEONTIEV, A. N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: VYGOTSKY, L. S. et al. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone/Edusp, 1988.

LIMA, Miguel Arcanjo de. Aprendizagem Infantil? Sua Construção e Desenvolvimento. jun/2010. Disponível em < http://www.webartigos.com/artigos/aprendizagem-infantil-sua-construcao-e-desenvolvimento/39347/  > Acesso em 15/11/2012.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 14ª ed., Petrópolis,RJ:Vozes, 2002.

SILVA, Flávia Gonçalves da e DAVIS, Claudia. Conceitos de Vigotski no Brasil: Produção Divulgada nos Cadernos de Pesquisa. Cadernos de Pesquisa. V. 34, n 123, p. 633-661, set/dez. 2004. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n123/a07v34123.pdf > Acesso em 05/05/2012.

SILVA, Silvia Maria Cintra da, ALMEIDA, Célia Maria de Castro e FERREIRA, Sueli. Apropriação Cultural e Mediação Pedagógica: Contribuições de Vigotski na Discussão do Tema. Psicologia em Estudo. V. 16, n 2, p. 219-228, abr/jun. 2011.

VIGOTSKI, Lev Semenovich. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

_________________________. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, Selo Martins, 2007, 7ª ed. (Psicologia e Pedagogia).



Componentes
Edjane da Silva Oliveira * Eliana Pereira da Silva * Eliane Maria Gondim Sales Vieira * Manuela Sena  Alves de Jesus * Maria Amelia Santos Perret Serpa * Mônica Andrade Azevedo * Tereza Cristina de Oliveira Barbosa * Thânia Maria da Silva Reis